terça-feira, 6 de outubro de 2015

Ser pais, sem os nossos pais por perto...







E quando os nossos estão longe?

Apaixonamo-nos, namoramos, casamos e temos filhos. Seguimos o curso dito normal.

Só saltamos uma parte... Apaixonaram-se 2 pessoas de cidades diferentes, uma de Pombal e outra de Lisboa. Quis assim o destino.
Para tornar as coisas mais divertidas, fomos os dois morar no norte. Uma aventura verdadeiramente a dois.
Quando éramos só nós, por muito que nos custasse, fomo-nos habituando, com alguma resistência, (mais da minha parte) nos primeiros anos, mas acabamos por criar rotinas, aceitar os novos sítios preferidos, aceitar a distância, criar amizades.

A chegada do 1º filho faz com que a saudade/falta que os nossos pais nos fazem se sinta a dobrar. Agora fazem falta como pais e como avós. Os nossos irmãos como irmãos e como tios.

Começar tudo de novo. Aceitar outra vez. Adaptar outra vez.

Planear tudo, prever a solução para as todas as situações em que nos ajudariam com a neta.

Principal não stressar, somos nós os nossos próprios bombeiros.

Não há folgas, não existem dias em que estamos cansados e vamos todos a casa dos avós.
Quando ela fica doente, temos de faltar... Um falta de manhã, outro falta de tarde... Há troca de folga, o que for.

Não há fins de semanas livres. Eu vou trabalhar e fica com o pai.

Não há saídas a dois quando queremos. Vamos quando a tia "emprestada" (que de emprestada não tem nada, assume o papel de tia), depois de ter oferecido muitas vezes, com alguma falta de jeito ( porque não queremos abusar) aceitamos (obrigada!).

As festas de aniversário são sempre uma incógnita... Vale a pena? Vem pouca gente? Fazer ou não fazer?! O ideal era conseguir ter a família toda. Conseguimos um ano, estavam quase todos. Temos os nossos amigos que também são família, as pessoas que fazem parte do dia-a-dia dela, que para ela realmente são tias dela (e tratam-na como sobrinha) e, se alguém disser o contrário, ela não acredita.

Avós, arranjamos maneira de estarem presentes, de ir apresentando a família à medida que ela vai crescendo, que já memoriza. Fala com as avós, uma pelo skype outra ao telefone. Encurta a distância.

Começa a crescer e perceber que a distância é lixada... Nós, pais, sem saber como explicar... Sinceramente nem nós percebemos. Os avós vêm e vão. Antes ficava triste. O domingo à noite e a segunda-feira eram difíceis para ela. E para nós por não podermos fazer nada. Ver a nossa filha sentir-se triste com a despedida. Agora conseguiu criar uma protecção/capa e já não fica tão triste.

Quando as coisas acalmam, somos pais pela 2ª vez. Começar tudo de novo..

É dificil, é stressante, não vou mentir... É cansativo. Às vezes apetece o colo de mãe/avó, não fazer o jantar e ir buscar uma sopa da minha mãe, fazer jantaradas com os amigos de infância, ver os sobrinhos crescer... Mas adaptamo-nos... Sem notar ficamos mais fortes, mais rápidos, mais resistentes,  mais felizes, porque era uma das razões que nos levou a esperar 5 anos até sermos pais, saber que não iríamos ter essa ajuda.

Temos conseguido contornar e compensa. Somos mais felizes, mais completos, os filhos mudam-nos, dão-nos super poderes.

Sei que há muita gente como nós por aí. Não somos os últimos nem os primeiros. Saber isso faz-me saber que somos capazes. Muitos já conseguiram, outros estão, como nós, a conseguir.

Muita vezes oiço pessoas que tem os seus próximo e não dão o devido valor.

Aproveitem o mimo, o colo, a ajuda. Não os tenham como adquiridos.

Nunca idealizámos estar longe deles e acabou por ser assim.

A vida faz-se a mesma quando os nossos estão longe, não com o mesmo sabor, mas faz-se.

EM



2 comentários:

  1. Como compreendo cada palavra... :( os "meus também estão longe, a L. Cresce a aprender que quando o telefone toca é o avô, ou a ver os primos por videochamada... Não é fácil, mas vamos aprendendo a viver com a distância. Um beijinho grande, com saudade à mãe CF. :)

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